sábado, 7 de fevereiro de 2009

Soneto Da Hora Final

Serás assim, amiga; um certo dia
Estando nós a contemplar o poente
Sentiremos no rosto, de repente
O beijo leva de uma aragem fria

Tu me olharás silenciosamente
E eu te olharei também com nostalgia
E partiremos, tantos de poesia
Para a porta de trevas aberta em frente

Ao transpor as frontreiras do sagrado
Eu, calmo, te direi; - Não tenhas medo
E tu, tranqüila, me dirás; - sê forte

E como dois antigos namorados
Noturnalmente triste e enlaçados
Nós entraremos nos jardins da morte

(1960)

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