De manhã escureço
De dia tardoDe tarde anoiteçoDe noite ardoA oeste a morte Contra quem vivoDo sul cativoO este é meu norteOutros que contemPasso por passoEu morro ontemNasço amanhã Ando onde há espaço- Meu tempo é quando(1950)
Serás assim, amiga; um certo diaEstando nós a contemplar o poenteSentiremos no rosto, de repenteO beijo leva de uma aragem friaTu me olharás silenciosamenteE eu te olharei também com nostalgiaE partiremos, tantos de poesiaPara a porta de trevas aberta em frenteAo transpor as frontreiras do sagradoEu, calmo, te direi; - Não tenhas medoE tu, tranqüila, me dirás; - sê forteE como dois antigos namoradosNoturnalmente triste e enlaçadosNós entraremos nos jardins da morte(1960)
Por que tens, por que tens olhos escurosE mãos lânguidas, loucas e sem fimQuem és, quem és tu, não eu, e estas em mimImpuro, como o bem que está nos puros?Que paixão fez-te os lábios tão madurosNum rosto como o teu criança assimQuem te criou tão boa para o ruimE tão fatal para os meus versos duros?Fugaz, com que direito tens-me presaA alma que por ti soluça nuaNão és Tatiana e nem TerezaE és tão pouco mulher que anda na ruaVagabunda, patética, indefesaÓ minha branca e pequena lua!